Chama-se Canelones a mais recente morada de Ana Pires, bem no centro de Montevideu, capital do Uruguai. Mas ela prefere os churrascos que faz no terraço à comida italiana que inspira o nome da rua e dita leis na gastronomia local. Depois de sete anos e meio em Barcelona, onde desenvolve um doutoramento em Psicologia - “ramo de Psicologia Básica, que não existe em Portugal” -, a leiriense atravessou o Atlântico para se lançar numa investigação relacionada com a sua tese, sobre “facilitação espacial provocada pelo movimento visual”.
O projecto no Uruguai surge por influência do director de tese, um uruguaio que, 12 anos depois, voltou à terra natal. “Eu também queria muito conhecer o país. Pedi uma bolsa à Fundação Gulbenkian e aqui estou!”, conta Ana Pires directamente do Uruguai, que até ao início do séc. XIX fez parte do Brasil e que hoje tem cerca de 3,5 milhões de habitantes. “A adaptação foi óptima! Adorei a cidade e as pessoas! Tive sorte porque amigos uruguaios em Barcelona abriram-me as portas aos seus amigos daqui!”.
Montevideu é calma e relaxante, fazendo-a sentir-se em casa. “Emprestaram-me uma bicicleta e vou pedalando com sorriso de orelha a orelha!”, descreve Ana Pires, elogiando os 20 quilómetros de marginal junto à praia. “É lindíssimo!”.
Mais razões pró-Uruguai: os mercados, a cultura super barata e de qualidade, a noite que se vive sobretudo nos bares e ruas e o ambiente propício aos debates, “até de política!”.
Ana destaca ainda o dulce de leche, “tipo a baba de camelo portuguesa! É delicioso e usam para pôr nos bolos!”, e candomblé, uma dança de tradição africana que enche as ruas de ritmo.
Contra, há a registar a burocracia e a quase ausência de estrangeiros. “Não passo tão despercebida...”.
Pelo menos até Agosto Ana Pires continua no Uruguai. Mas, apesar das saudades dos amigos de Portugal e Barcelona, vai tentar ficar mais um ano. “Eu gostava muito mas depende se consigo financiamento!”.
Manuel Leiria - manuel.leiria@regiaodeleiria.pt